quarta-feira, 30 de junho de 2010

O que é Virtual?

Pierre Lévy
O filósofo francês Pierre Lévy, professor da Universidade de Ottawa, no Canadá, é um dos mais importantes estudiosos dos efeitos das tecnologias de comunicação do mundo contemporâneo. Em seu livro “O que é o Virtual” [ed. 34, 1996], Lévy aborda, de forma bastante abrangente, as consequências que a virtualização gera na sociedade moderna.
Segundo Lévy, virtual não é o contrário de real, mas sim tudo aquilo que tem potencialidade para se concretizar. Assim, o virtual seria uma potência, um “devir outro do ser humano”. Para o autor, o fenômeno da virtualização afeta os corpos, a economia, a sensibilidade e a inteligência das pessoas.
Outra característica que corrobora a virtualização da sociedade moderna refere-se ao nosso corpo. Segundo Lévy, cada vez mais os nossos sentidos e percepções são afetados pelas tecnologias de comunicação. Nossa aparência física é alterada por próteses especiais (cirurgias plásticas, academia); nosso estado de saúde é modificado pela medicina moderna (e pelas transfusões sanguíneas); nossa capacidade física é intensificada pelos esportes radicais.
Tudo isso – próteses, transfusões, esportes radicais – são formas virtuais que o homem encontrou para fugir de sua situação atual, de sua atualidade. Acontece também o que Lévy chama de “inteligência coletiva”, também potencializada pelas novas tecnologias de comunicação. Com uma abordagem bastante exemplificativa, Pierre Lévy afirma ser o virtual “um movimento pelo qual se constitui e continua a se criar a nossa espécie”.
“O virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a atualização.” (LÉVY, 1996, p.16).
Na tentativa de explicar melhor o que é “virtual”, Lévy descreve a situação de uma empresa com departamentos longe da matriz. "A virtualização pode ser definida como o movimento inverso da atualização. Consiste em uma passagem do atual ao virtual, em uma ‘elevação à potência’ da entidade considerada.
A virtualização não é uma desrealização (a transformação de uma realidade num conjunto de possíveis), mas uma mutação de identidade, um deslocamento do centro de gravidade ontológico do objeto considerado: em vez de se definir principalmente por sua atualidade (‘uma solução’), a entidade passa a encontrar sua consistência essencial num corpo problemático" (LÉVY, 1996, p.17).

Nenhum comentário:

Postar um comentário