quarta-feira, 30 de junho de 2010

Interação mútua e reativa

O modelo da teoria da comunicação (modelo emissor→receptor ) tem sido criticado quando usado para caracterizar relações interativas. Os termos ‘ação’ e ‘reação’ rejeitam o conceito de processo que definiria ali algum tipo de interação. Se o primeiro paradigma se baseia na passagem de informações unidirecional e na soberania de quem possui e irá compartilhar a mensagem, o segundo demonstra um processo em que todos são emissores e receptores, ou seja, todos participam da relação.
Logo, os comportamentos são construídos pela pessoa durante a ação, não cabendo mais o modelo antigo de comunicação. A interação é uma série complexa de mensagens trocadas entre as pessoas e a comunicação implica um comportamento. Cada um reage com a sua definição da relação, podendo confirmar, rejeitar ou até modificar a do outro. Pode-se então sugerir dois tipos de interação: mútua (sistema aberto) e reativa (sistema fechado).
Existem alguns fatores que diferenciam um sistema aberto de um fechado, mencionados por Monge (1977): a) em um sistema fechado nada do ambiente é visto a afetar o sistema, já em um sistema aberto existe uma troca entre o sistema e o ambiente; b) um sistema fechado estável pode atingir um equilíbrio puro. Porém, um sistema aberto pode atingir uma estabilidade (nunca um equilíbrio perfeito); c) condições iniciais necessariamente influenciam o estado de um sistema fechado. Por outro lado, um sistema aberto pode atingir um estado estável independentemente de suas condições iniciais.
Tais tipos interativos se opõem nos seguintes aspectos:
a) sistema: um conjunto de objetos ou entidades que se interelacionam
entre si formando um todo;
b) processo: acontecimentos que apresentam mudanças no tempo;
c) operação: a produção de um trabalho ou a relação entre a ação e a
transformação;
d) fluxo: curso ou sequência da relação;
e) throughput: os que se passa entre a decodificação e a codificação,
inputs e outputs (para usar termos comuns no jargão tecnicista);
f) relação: o encontro, a conexão, as trocas entre elementos ou subsistemas;
g) interface: superfície de contato, agenciamentos de articulação,
interpretação e tradução.
A interação mútua forma um todo global, no qual seus elementos são interdependentes. Se um é afetado, o sistema total se modifica. O contexto oferece importante influência ao sistema, por existirem constantes trocas entre eles. Como consequência, os sistemas interativos mútuos estão voltados para a evolução e desenvolvimento podendo chegar aos mesmos resultados de uma interação de múltiplas formas, mesmo que independente da situação inicial do sistema (princípio da equifinalidade).
Já nos sistemas reativos fechados, por apresentarem relações lineares e unilaterais, o reagente tem pouca ou nenhuma condição de alterar o agente. Além disso, tal sistema não considera o contexto e, portanto, não reage a ele. Por não efetuar trocas com o ambiente, o sistema não evolui. Se uma situação não for prevista em sua fase inicial, ela não poderá produzir o mesmo resultado que outra situação planejada anteriormente apresentaria; e pode até mesmo não produzir qualquer resultado.
Para ter uma noção de interatividade é preciso que se veja “envolvimento” como um “tomar parte”, no qual o interagente pode participar da construção do processo.

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